CABEÇA COLETIVA –
UMA PROPOSIÇÃO DE LYGIA CLARK

 

Remontada e performada por AnaVitória

 

As artes plásticas e o seu pensamento vanguardista de (inter)relação com as demais linguagens artísticas, influenciaram e modificaram a escrita da coreógrafa e bailarina AnaVitória (1969) e seu entendimento por corporeidade. Essa aproximação foi se dando ao longo de várias investigações estéticas, mas principalmente pelo pensamento absolutamente livre de enquadramentos e moldes proposto pela artista plástica mineira Lygia Clark (1920 – 1988). Esta irreverente e irrequieta artista brasileira esgarçou fronteiras, colocando em debate na arena das artes contemporâneas o sujeito e suas questões existenciais. Suas obras propuseram sobretudo, ferramentas para se pensar o encontro arte-vida de forma absolutamente indissociável, concebendo, assim, o corpo como um receptáculo/casa que deve ser habitado pelo sujeito: um lugar da experiência singular, não normativa e aberta.

Desde o ano de 2009 AnaVitória vem desenvolvendo e aprofundando seu diálogo com as proposições clarkianas, como visto em suas Instalações Performáticas – Afinal, o que há por trás da coisa corporal? (2010), Ferida Sábia (2012), Pulsão do Laço (2014), DSÍ (2016) e DSÍ-embodyment (2022). Desenvolvendo performaticamente nestas obras algumas proposições como a “estruturação do self” e o uso dos “objetos relacionais”, entre outros dispositivos criados por Clark. Em 2017, convidada a participar do Festival Dança em Trânsito na sua 13o Edição, um festival de cunho itinerante que visa o deslocamento de artistas e públicos dos espaços convencionais das artes cênicas, AnaVitória propõe apresentar a proposição “Cabeça Coletiva” (1974) por associar seu conceito performativo de deslocamento e interatividade direta com seu público, bem como seu ineditismo dentro de um evento de performances artísticas. “Cabeça Coletiva” proposta durante o Festival Dança em Trânsito na cidade do Rio de Janeiro foi exposta na Casa França-Brasil no mês de agosto de 2017, até sua saída em caminhada pública no encerramento do evento em 27/08/17 às 11h em itinerância do Armazém da Utopia no Cais do Porto onde AnaVitória performou um solo com a “Cabeça Coletiva” e saiu em caminhada com seu público em direção ao Museu do Amanhã, seguindo para o Museu MAR onde foi instalada para visitação de 29/08 a 01 de outubro de 2017.

AnaVitória buscou junto à família Clark e a Associação Cultural “O Mundo de Lygia Clark”, mantenedora do seu acervo, direitos e patrimônio, o apoio necessário para a realização desta proposição da forma mais precisa possível, com o compromisso de divulgar e colocar em prática no meio artístico o trabalho desta criadora. A partir deste encontro, Álvaro Clark filho da artista convida AnaVitória para remontar a “Cabeça Coletiva” para a exposição Queermuseu – Cartografias da diferença na arte brasileira no Santander Cultural em Porto Alegre (2017).

Em 2025 AnaVitória faz a terceira remontagem da “Cabeça Coletiva” agora para a exposição que se realizará em maio em Munique – Alemanha.

 

 

 

 

Ficha Técnica

Ficha Técnica

Performer: AnaVitória
Música: Steve Reich
Fotos: Mezavilla – 2017 – RJ – Brasil

 

 

 

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