A bailarina metamorfoseia-se num corpo outro. Cadáver, feto, flor, pedra, árvore, inseto, ancestral. Para acolher este caosmos precisa torna-se vazio incandescente atravessado por forças e intensidades alheias. A bailarina manda sinais de uma pira funerária que já virou cinzas.
Mas meu corpo não é meu! Ele tem uma memória. Corpo geológico. Como acessar esta memória que os terremotos da vida jogaram de cima para baixo nas camadas mais profundas? Envelhece invisivelmente a cada segundo. Não os desejos. Nosso corpo que não é nosso nos acompanha de longe carregando nossa vida que não é nossa. Passa sempre ao lado, na periferia desfocada do campo de visão.